Receber o diploma de Nutrição é um momento marcante, mas também o início de uma nova etapa repleta de responsabilidades. Muitos profissionais recém-formados se perguntam:
“O que eu preciso para começar a atender como nutricionista de forma legal, segura e profissional?”
Neste artigo, você vai descobrir os documentos obrigatórios, os primeiros passos estruturais, os registros exigidos pelo Conselho de Nutrição e os cuidados que garantem um atendimento ético e seguro, mesmo no início da carreira.
Se você acabou de se formar, salve este conteúdo. Ele será seu guia para entrar no mercado com o pé direito.
1. Registro no CRN: o primeiro passo obrigatório
Antes de atender qualquer paciente, é necessário estar legalmente habilitado para o exercício profissional, e isso só acontece com o registro ativo no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) da sua região.
Como fazer:
- Solicite o registro no site do CRN da sua região;
- Envie os documentos exigidos (diploma, identidade, CPF, foto 3×4, comprovante de residência, etc.);
- Pague a taxa de inscrição e anuidade proporcional;
- Após análise e aprovação, você receberá sua carteira profissional e número de CRN.
Atenção: sem o registro no CRN, é proibido legalmente realizar atendimentos.
2. Decida onde e como você vai atender
O segundo passo é definir o modelo de atendimento inicial:
a) Consultório próprio
Requer investimento em estrutura, mobiliário e regularização sanitária (veja o artigo “Quais os principais equipamentos para montar um consultório de Nutrição”).
b) Sala compartilhada ou coworking da saúde
Opção mais viável para recém-formados. Permite reduzir custos fixos e atender apenas nos dias agendados.
c) Atendimento online (teleconsulta)
Autorizado pelo CFN com regras específicas. Ideal para começar com estrutura enxuta. É obrigatório utilizar plataformas seguras e com prontuário eletrônico.
3. Legalização do atendimento como autônomo
Para começar a atuar profissionalmente, você precisa definir sua forma de atuação fiscal:
a) Como autônomo (PF)
- Emitir RPA (Recibo de Pagamento Autônomo);
- Pagar o INSS e o imposto (IRPF) de forma individual;
- Não exige abertura de empresa, mas pode ter carga tributária mais elevada.
b) Como MEI (Microempreendedor Individual)
- Infelizmente, nutricionistas não se enquadram como MEI.
c) Como PJ (CNPJ Simples Nacional)
- Abertura de empresa como nutricionista (sociedade unipessoal ou LTDA);
- Possibilidade de emissão de nota fiscal;
- Tributos organizados e benefícios a médio/longo prazo.
Recomenda-se buscar um contador especializado na área da saúde para orientar a melhor opção, conforme sua renda e planos de crescimento.
4. Escolha de ferramentas e plataformas de atendimento
Mesmo no início, é importante trabalhar com organização e profissionalismo. Algumas ferramentas são essenciais:
– Prontuário eletrônico:
Dietbox, Nutrium, Healthie — permitem acompanhar a evolução do paciente, montar planos alimentares, agendar consultas e gerar relatórios.
– Termos de consentimento e formulários:
Tenha modelos prontos de:
- Anamnese nutricional;
- Consentimento informado (presencial ou online);
- Política de atendimento e cancelamento.
– Agendamento online (opcional):
Doctoralia, Calendly, ZenFisio ou links do WhatsApp. Facilitam a gestão da agenda e reduzem faltas.
5. Monte um kit básico de avaliação nutricional
Mesmo com baixo investimento, é possível começar com um conjunto mínimo:
- Balança antropométrica;
- Estadiômetro (ou fita métrica);
- Fita métrica retrátil;
- Adipômetro básico (opcional no início);
- Álcool 70% e materiais de biossegurança.
Com o tempo, você poderá adquirir bioimpedância, balança de cozinha, materiais educativos e outros recursos.
6. Defina sua identidade profissional e seu posicionamento
Ser um bom profissional vai além do conhecimento técnico. Desde o início, é importante refletir sobre:
- Qual público você deseja atender?
- Qual sua linha de abordagem nutricional (comportamental, clínica, esportiva, funcional)?
- Como você vai se comunicar com pacientes e nas redes sociais?
Ter clareza sobre sua identidade profissional ajuda a construir autoridade, atrair os pacientes certos e crescer com consistência.
7. Construa uma presença digital mínima
Mesmo que você ainda não invista em marketing digital, tenha ao menos:
- Um perfil profissional no Instagram ou LinkedIn com nome, CRN e contato;
- Uma bio clara com link de agendamento ou WhatsApp;
- Postagens com frequência mínima para mostrar que está ativo e disponível.
Com o tempo, você poderá investir em conteúdos, vídeos, anúncios e outros formatos para divulgar seu trabalho.
8. Continue estudando e se atualizando
O mercado da Nutrição exige formação contínua. Mesmo após a graduação, dedique tempo para:
- Ler artigos científicos;
- Participar de congressos e eventos;
- Investir em cursos de atualização técnica e de atendimento ao paciente.
As primeiras consultas são uma oportunidade de aprender, se aperfeiçoar e ganhar segurança.
Conclusão
Começar a atender como nutricionista recém-formado exige mais do que vontade. É preciso ter clareza sobre os registros obrigatórios, as estruturas mínimas e os aspectos legais e éticos que envolvem a profissão.
Você não precisa começar com tudo pronto, mas precisa começar com responsabilidade, profissionalismo e foco no paciente.
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