Cada dia mais a alimentação vem se tornando uma válvula de escape para os problemas do dia-a-dia e um alento para quando estamos deprimidos. A procura por alimentos que nos proporcione um momento de bem estar e alegria é cada vez mais comum e não só pode favorecer o excesso de peso e obesidade, mas também o agravo de transtornos mentais.
Naturalmente quando nos alimentamos por razões emocionais (stress, tristeza ou ansiedade) nosso cérebro dificilmente pede por um prato de frutas ou vegetais. Os gatilhos de recompensa disparam sinais para o consumo de alimentos ricos em açúcar, gorduras e sódio, em sua grande parte nutricionalmente pobres. Estes alimentos atenuam momentaneamente a resposta ao estresse, promovendo satisfação momentânea. Por outro lado, o aumento no consumo destes alimentos promove alterações nos sistemas de recompensa do cérebro, aumentando ainda mais a necessidade por este tipo de alimento. (Já percebeu que quanto mais chocolate você come, mais chocolate quer comer?)
Os transtornos mentais estão associados a um estado inflamatório crônico e estresse oxidativo aumentados, alterações na microbiota e neuroinflamação. Além disso, baixos níveis de nutrientes como folato, zinco e vitamina D também parecem estar associados a distúrbios no humor.
Sendo assim, podemos ver que a qualidade da dieta pode afetar diretamente o estado mental do ser humano. A busca por conforto em alimentos não saudáveis gera uma maior necessidade por estes mesmos alimentos que quando consumidos em excesso provocam alterações negativas na microbiota, aumentando a permeabilidade intestinal e consequentemente o estado inflamatório. Este aumento de citocinas pró-inflamatórias causado pelo desequilíbrio da microbiota rompe a barreira hematoencefálica causando neuroinflamação e agravando ainda mais os sintomas depressivos. Pessoas depressivas possuem baixo poder sobre suas decisões alimentares e suas consequências futuras na saúde, optando por alimentos que promovam algum tipo de conforto e retroalimentando este ciclo.
Infelizmente ainda são poucos os profissionais que recomendam a nutrição como tratamento primário de transtornos mentais. A conexão entre a nutrição e a saúde mental vem sendo cada vez mais discutida e se mostrando cada vez mais forte, onde o estado nutricional parece influenciar de forma convincente na saúde mental. Assim como o acompanhamento psiquiátrico, o acompanhamento nutricional do paciente com transtornos mentais têm um papel fundamental no desfecho do paciente. O nutricionista, através da alimentação, pode modular a resposta inflamatória, reequilibrar a microbiota intestinal e atenuar o estresse oxidativo, reduzindo assim a sintomatologia do paciente, potencializando a eficácia da terapia e dos medicamentos.
Elaborado pelo estagiário de nutrição Bruno Mantero
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