A tireoide é uma glândula endócrina, localizada no pescoço, logo abaixo do Pomo de Adão, tem o formato que lembra uma borboleta e secreta hormônios (T3 e T4) que desempenham importante função na manutenção da homeostasia e na regulação do consumo energético. Seus efeitos fisiológicos acontecem em diversos órgãos e consistem principalmente em estimular o metabolismo e a atividade das células, por isso pessoas com disfunção tireoidiana podem ter dificuldades para emagrecer (hipotireoidismo) ou para ganhar peso(hipertireoidismo). A alteração da função tireoidiana pode estar relacionada a deficiências nutricionais, dietas restritivas, estresse, infecções, trauma, radiação, medicamentos, doença celíaca e toxinas como pesticidas e metais pesados.
Os hormônios tireoidianos triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) são compostos de IODO. Atualmente o sal de cozinha que consumimos é iodado, assim como produtos lácteos também são boas fontes de iodo. Por outro lado, o excesso de iodo também pode ser prejudicial, se tornando um fator de risco para o desenvolvimento de doença autoimune da tireoide (Hashimoto). A suplementação de iodo raramente é necessária e deve ser prescrita por um profissional capacitado, portanto muito cuidado com o uso indiscriminado de suplementos como o lugol.
O iodo é absorvido pelo tecido da tireoide por transporte ativo dependente de ATP, que depende de MAGNÉSIO para sua formação. Após a captação do iodo, a síntese do hormônio tiroidiano é mediada pela enzima TPO que também é estimulada pelo MAGNÉSIO, presente em alimentos como as sementes de linhaça, gergelim e oleaginosas (amendoim, nozes e castanhas…). Esta enzima é uma hemoglicoproteína, logo, é dependente de FERRO para o seu funcionamento. O ferro está presente nas carnes, principalmente fígado, nos ovos, sementes de abóbora e girassol, leguminosas, entre outros…
A glândula tireoide é o tecido que contém as maiores concentrações de SELÊNIO, mineral encontrado principalmente nas nozes e na castanha do pará. O selênio atua no metabolismo dos hormônios tiroidianos através das Deiodinases que ativam e desativam os hormônios e na proteção contra o estresse oxidativo através da glutationa peroxidase (GPx) e tioredoxina redutases. A ingestão adequada de selênio promove o bom funcionamento das células da tireoide e da biossíntese e armazenamento dos hormônios. No entanto, o consumo excessivo de selênio também pode desencadear efeitos adversos.
O consumo de ZINCO também parece afetar diretamente os níveis de T3, T4 e TSH, pois este nutriente além de regular a atividade das deiodinases (enzimas responsáveis pelo metabolismo dos hormônios tiroidianos), participa da síntese do TSH e do TRH no hipotálamo, que sinalizam e estimulam a produção dos hormônios tireoidianas. O zinco pode ser amplamente encontrado principalmente em alimentos de origem animal. Alguns estudos mostram que a suplementação de zinco em pessoas que possuem deficiência pode aumentar consideravelmente o gasto energético em repouso.
Estas são algumas das principais interações dos nutrientes presentes na nossa alimentação no funcionamento da tireoide. Dietas restritivas em carboidratos podem diminuir a expressão de TSH, resultando em uma menor circulação dos hormônios tireoidianos podendo exercer impacto no metabolismo. Perceba que existe uma relação de sinergia entre os nutrientes e que somente com uma alimentação completa e equilibrada nosso metabolismo pode funcionar corretamente.
Referências:
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Elaborado pelo estagiário de nutrição Nutricionista Bruno Mantero
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