Porque engordamos depois que emagrecemos?

Porque manter o peso perdido é muito mais difícil do que o ato de emagrecer em si? Um percentual extremamente alto de pessoas que emagrecem não conseguem manter o peso perdido por muito tempo e voltam a ganhar peso novamente. Estima-se que mais de 70% do peso perdido é recuperado em até 5 anos após o emagrecimento.

O julgamento mais frequente é a falta de disciplina, persistência e motivação. No entanto, apesar dos fatores comportamentais terem grande influência na manutenção dos resultados, alguns trabalhos vem demonstrando que além destes fatores, fatores fisiológicos e hormonais também dificultam o processo de manutenção do peso perdido.

Alguns hormônios e peptídeos como a insulina, grelina, leptina, peptídeo YY, CCK e GLP-1 exercem grande influência sobre nossa percepção de fome e saciedade. Alterações nas concentrações destes hormônios podem levar a perda ou ao ganho de peso.

A restrição calórica resulta em alterações compensatórias destes hormônios que levam desde a redução no gasto energético ao aumento de apetite, favorecendo a recuperação do peso. Tais alterações podem persistir por muito tempo mesmo após o retorno ao equilíbrio calórico da dieta.

Polidori (2016) e colaboradores, chegaram a um modelo matemático que sugere que a perda de peso leva a um aumento proporcional do apetite de aproximadamente 100kcal/dia por kg de peso perdido. Uma quantidade 3x maior que as correspondentes adaptações no gasto energético, que em contraponto, reduzem o gasto energético em aproximadamente 20-30kcal/dia a cada kg de peso perdido.

Manter o peso perdido é sem sombra de dúvidas o maior desafio, tendo em vista que nosso corpo cria adaptações que favorecem ao reganho de peso. Sendo assim, uma mudança real de estilo de vida é de fato a única estratégia efetiva para resultados duradouros e permanentes.

Mas não se apavore! Pequenas mudanças ao longo do tempo que levem a reduções entre 5 e 10% do peso apenas, já são suficientes para promover importantes benefícios para saúde. O foco deve ser sempre na melhora da saúde e não apenas na redução na balança. Mudanças sustentáveis como uma melhora na qualidade da alimentação com maior consumo de frutas, vegetais e proteínas, adesão a uma rotina de exercícios físicos e acompanhamento de um profissional de confiança são fundamentais para o sucesso no emagrecimento.

Referências:

  • Long-Term Persistence of Hormonal Adaptations to Weight Loss
  • How strongly does appetite counter weight loss? Quantification of the feedback control of human energy intake
  • Maintenance of Lost Weight Long-Term Manegement of Obesity
Um abraço!
Att.
Bruno Mantero

 

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